Javier Milei será o novo presidente da Argentina

Javier Milei, o ultraliberal, vence eleições presidenciais na Argentina

Javier Milei tem 53 anos e é economista. Ele se descreve como anarcocapitalista, uma linha de pensamento que prega uma presença mínima ou inexistente do Estado na economia. Entre suas ideias estão a dolarização da economia, a eliminação do Banco Central e a redução drástica do tamanho do Estado com o corte de ministérios e a privatização de empresas estatais.Milei apresenta essas propostas como solução para o grave quadro econômico argentino de hoje. A inflação do país chegou a uma taxa de 138% ao ano e a pobreza atinge atualmente 40% da população. Ele chegou a chamar a moeda argentina de “excremento” e que não serve “nem para adubo”.


O presidente eleito também já lançou no passado ideias controversas como permitir a venda de órgãos humanos, um tema que não esclareceu como seria tratado como governante. 

Milei se tornou conhecida do grande público com aparições em programas de televisão para comentar notícias de economia. Ele foi eleito para o primeiro cargo público há apenas dois anos, como deputado no congresso argentino pelo partido que tinha acabado de fundar, "A Liberdade Avança".


Ele se tornou uma grande surpresa da política argentina quando ocorreu nas primeiras eleições primárias presidenciais de agosto, que definiram os candidatos dos partidos. Milei conseguiu atrair muitos interessados ​​jovens, da Geração Z, de até 26 anos, depois de seus vídeos viralizarem no TikTok. O estilo dele foi comparado ao ex-presidente americano Donald Trump e ao ex-presidente brasileiro Jair Bolsonaro.


Durante a campanha, afirmou que o alinhamento com os dois políticos é “quase natural”. Bolsonaro e Trump publicaram postagens nas redes sociais para parabenizar o candidato pela vitória. Milei é crítica de Lula e já declarou que não vai priorizar o Brasil nas suas relações exteriores. Ele já chamou o presidente brasileiro de 'presidiário' e de 'comunista'. 

A distância entre os projetos políticos de Milei e de Lula pode entrar no meio da relação com o Brasil. O presidente eleito argentino já disse que quer compensar a participação do país no Mercosul. O bloco sul-americano está tentando confirmar um acordo comercial importante com a União Europeia. Outra questão que pode ser revista é a adesão da Argentina aos Brics depois que a expansão do grupo foi anunciada neste ano.


Milei também costuma criticar a China, que junto com o Brasil está entre os principais parceiros comerciais argentinos. Questionado sobre esse fato no último debate da campanha, ele respondeu que não vai interferir na relação comercial de empresas privadas argentinas com esses dois países. 

Dentro da proposta de redução de gastos públicos, Milei deixou claro que há cortes nas principais áreas sociais: saúde, educação e desenvolvimento social. Ele quer aglutinar os três ministérios que tratam dessas questões em um só, que se chamaria de “Capital Humano”. 

Na área da saúde, ele propõe a criação de um “seguro universal”, em que os usuários e médicos cheguem a um acordo sobre valores pelos serviços médicos. No campo da educação, Milei propõe um sistema de vouchers, no qual a educação não seria nem obrigatória nem gratuita. 

As propostas de Milei também incluem uma promessa de “linha dura” contra a criminalidade. Entre suas promessas para a área de segurança estão medidas como a redução da maioridade penal para 14 anos, a criação de um comitê de crise de combate ao narcotráfico, políticas de “tolerância zero” contra a criminalidade urbana e a militarização das prisões. Ele também inclui nessa agenda o combate à ocupação de terras por povos originários e às práticas de luta social, como o fechamento de estradas e piquetes. 

Durante a campanha, ele também provocou polêmica ao criticar duramente o Papa Francisco, a quem acusa de apoiar o comunismo, ao se manifestar contra a legalização do aborto e ao relativizar a violência militar durante a ditadura. 

Para colocar em prática suas ideias, Milei enfrentou alguns problemas. Para dolarizar a economia, a Argentina vai precisar de uma reserva significativa de moeda americana. Recentemente o patamar dessa reserva chegou ao nível mais baixo em 17 anos. 

Outra dificuldade de Milei será a falta de maioria no Congresso. O partido dele elegeu 8 senadores e 37 deputados. A maior bancada é do partido do candidato derrotado, Sergio Massa, com 108 cadeiras conquistadas na Câmara. Milei precisará do apoio do partido do ex-presidente Mauricio Macri, Juntos pela Mudança, que elegeu 93 deputados nessa eleição. 

Nas semanas anteriores ao segundo turno, Milei optou por suavizar o tom em algumas de suas posições mais extremas. Por isso, agora todos os holofotes se voltam para sua composição de governo, especialmente para
o nome que escolherá para a pasta da Economia.

Veja a cobertura completa sobre a eleição da argentina em bbcbrasil.com 




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